A Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa (Ales) realizou visita técnica à fábrica de Chocolates Garoto, em Vila Velha. Objetivo foi buscar informações para embasar a realização de uma audiência pública que irá debater a possibilidade de venda da empresa.
Um processo em tramitação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) analisa se a compra da empresa pela Nestlé, realizada há 10 anos, configura abuso de poder econômico. Caso o órgão do Ministério da Justiça entenda que sim, a multinacional terá que desfazer o negócio.
Antes da visita à empresa, os deputados membros da Comissão se reuniram com os representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do Estado do Espírito Santo (Sindialimentação). Eles reivindicam que, se for preciso, que a venda da empresa seja feita de forma integral.
“Queremos que a Nestlé se comprometa a não fracionar”, declarou a coordenadora do Sindialimentação, Linda Morais, informando que é desejo dos funcionários que a Garoto continue sob o comando da multinacional Nestlé.
O sindicato sinalizou que pode apoiar a estratégia da Nestlé junto ao Cade desde que a empresa garanta que não irá realizar a venda de forma fracionada, ou seja, quando marca e fórmulas dos produtos são vendidas separadamente.
Para o presidente da Comissão, deputado Dary Pagung (PRP), é necessário garantir os direitos dos funcionários e a manutenção dos seus empregos, outra reivindicação do sindicato. “Acredito que os funcionários são as pessoas legitimas para defender a empresa”, explicou. A Garoto possui atualmente 14 mil funcionários.
O autor da proposta de visita à fábrica, deputado Gilsinho Lopes (PR), destacou a importância da Garoto para a economia, a história e a cultura capixabas. “Temos o compromisso de defender os interesses da Garoto, uma empresa muito importante para o Estado, para a história e para a economia capixaba”, declarou.
O posicionamento dos representantes da Garoto agradou os sindicalistas. O diretor-geral da empresa, Antônio Diogo, informou que não há interesse em vender a fábrica. Segundo ele, a partir de 2009 foram injetados R$ 200 milhões na fábrica para o lançamento de quatro linhas e desafogar a produção.
A assessora jurídica do grupo, Bárbara Loureiro, informou que a venda fracionada não é uma vontade da empresa, mas uma imposição: “O Cade se posicionou inicialmente pela venda fracionada, mas a partir daí surgiram outras demandas”, explicou.
Para o deputado Gilsinho Lopes, as informações não foram satisfatórias: “Fica meio vago para nós, como representantes do povo, que queremos uma posição segura”. A Comissão de Defesa do Consumidor agendou reunião com o Cade, em Brasília, para recolher informações e defender os interesses da economia capixaba.
A Chocolates Garoto está presente em mais de 50 países. Nós últimos 10 anos a empresa, que recebe 300 mil visitantes por ano, triplicou o seu faturamento.
Bruna Laranja / Web Ales
(Reprodução autorizada mediante citação da Web Ales)