Os preços do álcool e da gasolina no Estado, que há algum tempo já pesam no bolso do consumidor, devem explodir de vez na segunda-feira. Pela previsão dos donos de postos de combustíveis, o valor da gasolina comum pode superar, pela primeira vez na Grande Vitória, os R$ 3. O litro do álcool, que já é o mais caro do país segundo levantamento do Índice de Preços Ticket Car (IPTC), deve alcançar os R$ 2,80, um baque e tanto para os motoristas.
A escalada dos preços, principalmente do álcool, vinha sendo gradual até a semana passada. Os donos de postos afirmam que na última compra o litro do etanol subiu R$ 0,20 nas distribuidoras. “O preço do álcool vinha crescendo de centavo em centavo desde meados do ano passado. Nesta última semana ocorreu uma pancada de R$ 0,20. O álcool, que há duas semanas a distribuidora me vendeu a R$ 2,39, agora comprei por R$ 2,59. Para o consumidor final vai sair por, no mínimo, R$ 2,79″, diz Nebelto Garcia, dono de postos em Vila Velha e Serra.
Algo parecido deve acontecer com a gasolina. Na distribuidora, o litro do combustível sai por R$ 2,60 (repare que o valor é quase igual ao do álcool na usina). Na bomba sairá por R$ 2,99. “Isso não é só comigo, é com todo o mercado. Todos compram das mesmas distribuidoras e da mesma produtora, que é a Petrobras. Quem recebeu álcool e gasolina nesta semana não vai ter para onde correr. Eu mesmo já não estou conseguindo manter meus preços. Segunda-feira serei obrigado a mexer na placa”, alerta Garcia.
Marcos Lopes, executivo do Sindipostos, endossa as declarações de Garcia. “Os números da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) mostram que o valor do álcool subiu 30% só em março. Não me causa estranheza essa previsão de álcool em R$ 2,79 e gasolina em quase R$ 3″.
O preço do petróleo, que aumentou bastante desde que começaram os problemas políticos no Oriente Médio e obriga o Brasil a pagar mais pela gasolina importada, somado à entressafra da cana de açúcar, à baixa produção comparada a demanda e ao alto valor do açúcar (o que desestimula a produção de álcool), formaram uma equação de difícil solução.
“Nunca vimos uma situação assim, com essa variação de preços. Em 2010, diante do mesmo problema, o governo reduziu a mistura de etanol na gasolina de 25% para 20%, o que segurou os preços. O cenário atual é outro. Com a alta recente do petróleo, é mais vantajoso importar etanol do que gasolina”, argumenta Lopes.
Para ele, a luz do fim do túnel pode ser o início da safra da cana, marcada para meados de abril. “Com mais produção cai o álcool e a pressão na gasolina também diminui”.
Preço do álcool.
Nas bombas de Vitória o valor médio do litro do álcool subiu 20,4% de setembro de 2010 a março de 2011. Saiu de R$ 1,91 o litro para R$ 2,30, segundo levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) até 26 de março. Na última semana do mês passado o preço médio bateu em R$ 2,45, alta de 28,2%.
Nas distribuidoras.
Segundo a mesma Agência Nacional do Petróleo, nas distribuidoras o preço do álcool subiu 23,3% entre setembro. Assim, a média de março passou de R$ 1,63 o litro para R$ 2,01. Na última semana do mês passado, o preço médio subiu mais e bateu em R$ 2,23, uma alta de 36,8% comparado com setembro.
Preço da gasolina.
O levantamento da ANP, feito em mais de 700 postos do Espírito Santo, mostra que nos últimos sete meses o preço médio da gasolina comum em Vitória saiu de R$ 2,67 para R$ 2,78. Um aumento de 4,1%. Na última semana, o preço médio em Vitória ficou em R$ 2,81, alta de 5,2%.
Nas distribuidoras.
Para os postos de combustíveis, o valor da gasolina subiu 6,1% entre setembro do ano passado e março. Nas distribuidoras, de acordo com a ANP, a gasolina saía por R$ 2,29 e na média de março ficou em R$ 2,43. Na última semana do mês foi para R$ 2,45, um aumento de 6,9% em relação a setembro.
Consumo de gás natural aumenta em fevereiro
O consumo de gás natural no Brasil continua a trajetória de forte crescimento, agora com um peso maior da demanda industrial. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), as vendas do insumo registraram alta de 14,4% em fevereiro de 2011 frente ao mesmo período de 2010, passando de 41,49 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d) para 47,49 milhões de m3/d. Excluindo a demanda térmica, a expansão do consumo dos demais segmentos foi de 10,2% nesse intervalo, para 39,45 milhões de m3/d. De acordo com a entidade, distribuidoras estaduais apuraram vendas para as indústrias de 28,83 milhões de m3/d em fevereiro de 2011, alta de 13,2% sobre os 25,46 milhões de m3/d apurados em igual mês de 2010. Isso mostra o impacto positivo do crescimento da economia na demanda pelo produto.