Interlocutores do governador eleito Renato Casagrande (PSB) garantem que o socialista não tem qualquer receio de que a nova Assembleia se desalinhe do Executivo durante seu mandato. Com uma trajetória que inclui a passagem pelo Parlamento, na Câmara dos Deputados e no Senado, Casagrande aposta em sua capacidade de diálogo para garantir a governabilidade.
Isto porque, sem a Assembleia, o governo do Estado fica engessado, já que os projetos do Executivo precisam ser aprovados pela Casa. As contas do governador também são analisadas pelo Legislativo, que pode aprovar ou não o demonstrativo de gastos e aplicações do governo.
Para os interlocutores do governador eleito, o único nome que poderia causar um desalinho entre Executivo e Legislativo seria o ex-governador Max Mauro (PTB), que não se elegeu pelos números oficiais da Justiça Eleitoral. O outro nome do partido que conquistou uma cadeira na Casa, o ex-prefeito de Linhares José Carlos Elias, já deu demonstrações de que, apesar de defender a independência da Casa, não pretende criar obstáculos para a governabilidade de Casagrande.
Além disso, o foco de Elias é o município, onde polariza a política com o atual prefeito, Guerino Zanon (PMDB). Elias vai tentar ser um representante do governo em Linhares e deve buscar o apoio do governador eleito para voltar à prefeitura em 2012.
Como demonstração de que pretende manter uma boa relação com a Casa, Casagrande vai procurar se afastar da disputa pela presidência da Mesa Diretora, o que deve criar uma expectativa de reciprocidade por parte dos parlamentares. Com uma base aliada de 23 deputados e sem uma oposição forte, o governador eleito não deverá ter problemas com o Legislativo.
Até porque Casagrande tem nos meios políticos uma imagem positiva, o que deve se refletir na relação com os deputados. Além disso, os deputados aguardam uma mudança no tratamento do Executivo com eles, já que, nos dois mandatos de Paulo Hartung, eles se sentiram acuados diante da pressão sofrida com o arranjo institucional que colocou o Ministério Público e o Judiciário como pontos de ameaça aos parlamentares que se propusessem a se desalinhar do governo.