Aproximando-se dos 90 dias de governo, Renato Casagrande enfrenta um início de gestão marcado por crises políticas. Com insatisfações de deputados estaduais e federais e aliados dos partidos que estiveram em seu palanque, o governador ainda não conseguiu sequer fechar a equipe de governo.
A morosidade na escolha dos nomes que comporão o segundo e terceiro escalão do governo revela a dificuldade interna no palácio Anchieta. Esta dificuldade estaria ligada ao grande número de integrantes do governo Casagrande ligado ao ex-governador Paulo Hartung.
No primeiro escalão, Hartung tem aliados na Cesan, no Bandes, na Secretaria de Meio Ambiente, na cúpula da Segurança, na Secretaria de Comunicação e até na Secretaria de governo. Além de outros aliados em autarquias e cargos de confiança.
Mesmo fora do Estado desde a saída do governo em janeiro, o governador estaria conseguindo manter suas articulações à distância. A impressão no mercado político é de que haveria uma expectativa no palácio Anchieta para o retorno de Hartung, marcado para a segunda metade de abril, para que fossem definidos os nomes que ainda estão em aberto no governo Casagrande.
Essa morosidade estaria irritando outras lideranças políticas que estão se sentindo preteridas das articulações, como os deputados estaduais que querem reforços em seus redutos eleitorais e não conseguem acesso ao governador para debater suas situações.
Para alguns observadores, essa rusgas iniciais podem se tornar um problema difícil de se resolver, se Casagrande não assumir o controle sobre as discussões políticas do Estado. Nesse sentido, entra em jogo a disputa eleitoral do próximo ano, da qual o governador continua mantendo-se afastado.
Por isso, no entendimento do mercado político, a conclusão da equipe e o início do debate com a classe política são ações que devem ser feitas antes do retorno de Hartung ao Estado, para que o campo não fique aberto à ocupação desse espaço pelo ex-governador.
Por: Renata Oliveira