A insatisfação dos aliados com a discussão sobre o secretariado de Renato Casagrande mostra que a classe política não está disposta a aceitar pacificamente a imposição de um sistema para o próximo governo.
A preocupação é a repetição de uma prática que teve início ainda no governo José Ignácio e se manteve no governo Paulo Hartung, de colocar no primeiro ano de governo um secretariado imposto pelo governo. Prática que começa a se configurar no governo Casagrande.
A leitura feita nos meios políticos é de que a política de que o primeiro ano de governo deve ser de arrumação da Casa vai adiar a saída do governador Paulo Hartung das articulações de bastidores. Ao afastar-se do debate, Renato Casagrande abre espaço para o governador Paulo Hartung, dando-lhe um ano de sobrevida na articulação.
A tendência é de que o governador influa ainda na eleição da presidência da Assembleia e continue negociando com Ministério Público e Judiciário dentro de sua relação de poder, indicando orçamentos que garantam o atrelamento das instituições ao seu esquema de poder.
Para os meios políticos, o problema não é a continuidade do governador nos bastidores, mas os metidos de criminalização a que foi submetida a classe política nos oito anos de seu mandato. A preocupação é com a preparação das lideranças objetivando a eleição de 2012.
Por isso, o esperneio das lideranças se volta para o governador eleito, para que ele abra o processo de discussão e participação no governo. Como não tem em seu controle as instituições que ameaçam as lideranças, e nem tem o perfil impositivo de Hartung de negociar, esses políticos podem debater em pé de igualdade, sem temer represálias.
Para fugir da pressão, Casagrande colocou seu principal articulador, o presidente do PSB capixaba, Luiz Carlos Ciciliotti, para tentar cozinhar o processo por mais um ano. Mas será difícil manter o controle sobre os 16 partidos que o apoiaram na eleição deste ano, já que todos querem participação no bolo e já mostram, através de seus expoentes, como o prefeito da Serra, Sergio Vidigal (PDT), e o senador Magno Malta (PR), que não vão aceitar a imposição dos nomes na equipe de Casagrande.
Renata Oliveira
Foto capa: Ricardo Medeiros
Século Diario