A disputa política que se anuncia para o próximo ano no município da Serra, entre o prefeito Sérgio Vidigal (PDT) e o deputado federal Audfax Barcelos (PSB), pode ter reflexos na base de sustentação do governador Renato Casagrande. As declarações de Vidigal, no jornal A Tribuna dessa quinta-feira (7), foram lidas pelo mercado político como uma pressão para que Audifax deixe o PSB, partido do governador.
Ao dizer que a manutenção da candidatura de Audifax forçaria uma saída dos socialistas da administração da Serra, o recado foi dado para o governador no sentido de que o partido poderia se desalinhar do leque de alianças de Casagrande.
A movimentação acontece em um momento de fragilidade política no palácio Anchieta. Casagrande foi eleito com o apoio de 16 partidos, mas vê dificuldade em manter a unidade nesse grupo, que já começa a se organizar com vistas à eleição de 2012, mas com um projeto mais amplo para 2014, quando o governador deverá disputar a reeleição. Para essa disputa, porém, Casagrande precisará de um leque forte de apoio, já que seu partido tem atuação limitada.
Neste contexto, é clara a movimentação do PMDB, do ex-governador Paulo Hartung, para retomar seu poder na sucessão estadual. O partido tem uma bancada forte na Assembleia e nomes de peso, de influência nos meios políticos, como o senador Ricardo Ferraço.
O governador entrou em crise também com o PR, do senador Magno Malta. Com pouco espaço no governo e com a linha adotada por Casagrande de continuidade atrelada ao governo passado, fato que desagrada o republicano, o partido chegou a se afastar e agora há uma tentativa de reaproximação. O PR também é um aliado de peso e a perda desse apoio também seria muito prejudicial ao governador.
O PT não tem um caminho que vise à conquista do governo do Estado em 2014, mas a preocupação com a manutenção dos ganhos de 2008 faz com que o partido procure mais se fortalecer internamente do que socorrer o governador. A preocupação do partido será relacionada ao embate com o PSDB, o que poderá deixá-lo de fora das discussões para 2014.
Por isso, impõe-se a necessidade de manter o PDT alinhado ao grupo palaciano como uma questão de primeira grandeza para o governador. Ciente dessa fragilidade, Vidigal pode se beneficiar politicamente pressionando o PSB e contendo seu principal adversário para a disputa em que buscará a reeleição, em 2012.
Renata Oliveira
Foto capa: Nerter Samora